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PL e PP, líderes do centrão e aliados de Bolsonaro, foram cruciais para derrota de voto impresso

Publicada em 11/08/21 às 09:30h - 533 visualizações

por Ranier Bragon, Danielle Brant e Julia Chaib | Folhapress


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PL e PP, líderes do centrão e aliados de Bolsonaro, foram cruciais para derrota de voto impresso
 (Foto: TV FF )
A análise do mapa da votação que rejeitou nesta terça-feira (10) a adoção do voto impresso mostra que os dois principais partidos do centrão, PL e PP, foram cruciais para enterrar na Câmara a bandeira de Jair Bolsonaro, também pretexto para seus discursos golpistas.
 

Apesar de serem aliados do presidente da República, as duas siglas deram apenas 27 votos a favor da medida, um terço de suas bancadas. Outros 36 deputados dessas duas legendas votaram contra e 18 se ausentaram, o que, na prática, contou como voto contário à PEC.
 

Ou seja, se PP e PL tivessem se mobilizado totalmente a favor do voto impresso, a medida ficaria bem mais próxima de ser aprovada -em vez dos 79 votos a menos (uma PEC precisa de 308 ou mais votos), faltariam apenas 25.
 

O PP lidera o centrão e tem a Casa Civil, comandanda pelo presidente da sigla, o senador Ciro Nogueira. A Câmara também é presidida pelo partido, com Arthur Lira (PP-AL), que nesta terça afirmou esperar que esse assunto esteja encerrado entre os deputados.
 

Nos bastidores, o centrão nunca se envolveu de corpo e alma na defesa do voto impresso, considerando essa uma bandeira dos bolsonaristas radicais. Na reta final da discussão, ainda pesou contra o agravante de Bolsonaro intensificar o discurso contra os Poderes.
 

Em uma atitude diferente das grandes siglas do centrão, partidos que se opõem a Bolsonaro, mas não integram a esquerda, racharam, apesar do discurso público de seus presidentes contrários ao voto impresso.
 

Em junho, presidentes de 11 legendas se reuniram e fecharam acordo para votar contra a medida.
 

Nesta terça, porém, PSDB, MDB e DEM se dividiram. Os tucanos deram 14 votos a favor da medida, mais do que os que votaram contra (12). Cinco se ausentaram, e Aécio Neves (MG) foi o único a se abster, o que, na prática, contou como voto contra.
 

MDB e DEM deram 28 votos a favor da medida e 33 contra (entre faltosos e votos não). O PSD de Gilberto Kassab pendeu mais para o lado do voto impresso -20 votos a favor da medida e apenas 15 contra (entre votos não e faltosos).
 

Dirigentes partidários atribuíram boa parte dos votos favoráveis à PEC à pressão de integrantes do governo e de bolsonaristas. Segundo eles, houve forte ofensiva via redes sociais e mensagens de WhatsApp para convencer os parlamentares a aprovarem o texto.
 

Alguns acabaram se comprometendo nas redes sociais não quiseram voltar atrás, sob argumento de não frustrar as bases.
 

Segundo dirigentes partidários que trabalharam contra a bandeira bolsonarista, embora o resultado da votação não tenha sido acachapante, o fato de Bolsonaro ter pressionado pessoalmente e colocado até blindados na rua no mesmo dia da votação mostra o quanto ele foi derrotado.
 

O PSL, partido pelo qual se elegeu Bolsonaro, votou em peso a favor da PEC -45 contra 8 (entre "não" e faltosos).
 

A pressão de governistas na reta final das discussões teve peso grande na bancada evangélica.
 

O Repúblicanos, partido ligado à Igreja Universal do Reino de Deus, foi uma das siglas grandes que mais apoio deram à medida. Foram 26 votos favoráveis e apenas 3 contra e 3 faltosos. O PSC, também ligado aos evangélicos, votou fechado (11 deputados) a favor da medida.
 

A oposição votou contra, como era esperado, em especial PT, PSOL e PC do B. Em duas siglas desse campo, houve apoio maior ao voto impresso, no PDT e PSB.
 

No PDT, partido em que o voto impresso era uma bandeira histórica, apenas seis dos 25 deputados foram favoráveis à PEC. Os demais votaram contra, em resposta à polarização e à apropriação do tema pelos bolsonaristas.



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