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Eleição para o Congresso argentino neste domingo põe em jogo maioria parlamentar de Fernández.

Publicada em 13/11/21 às 12:21h - 411 visualizações

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Eleição para o Congresso argentino neste domingo põe em jogo maioria parlamentar de Fernández.
 (Foto: TV FF )
Eleição para o Congresso argentino neste domingo põe em jogo maioria parlamentar de Fernández
Previsão de derrota do governo é alimentada por crise econômica e desavenças na coalizão com os kirchneristas; na oposição, Macri se aproxima da extrema direita, e cresce especulação de aliança em 2023
Janaina Figueiredo

O resultado não deverá trazer grandes surpresas, a incógnita do momento são as consequências do revés eleitoral que o governo do presidente argentino, Alberto Fernández, deve sofrer nas eleições legislativas que serão realizadas neste domingo. Delas emergirá, afirmaram analistas locais ouvidos pelo GLOBO, um Executivo desgastado, numa uma coalizão de governo peronista em crise.

Tal cenário vem alimentando uma usina de rumores sobre como fará a Casa Rosada para completar o mandato presidencial que termina em 2023, com um chefe de Estado que já é considerado por muitos um cadáver político e está sob ataques da ala governista comandada por sua vice-presidente, Cristina Kirchner.

Direita já não é malvista
Sentindo-se esnobado por dirigentes que vêm ganhando protagonismo no cenário nacional, principalmente Larreta, o ex-presidente tem se mostrado interessado numa aproximação com Milei, provocando especulações sobre uma eventual frente de direita para as eleições presidenciais de 2023.

— Ele [Milei] expressa as ideias que eu sempre expressei — disse Macri recentemente, no que pareceu um recado para os que tentam minar sua liderança dentro da aliança opositora.

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Na esteira do fortalecimentos da direita em países vizinhos, entre eles Brasil e Chile, a Argentina vive um movimento inédito desde a redemocratização do país, em 1983. Ser de direita deixou de ser malvisto por amplos setores da sociedade, de todas as classes sociais. Essa novidade instala um dilema para a coalizão Juntos pela Mudança, que, segundo analistas, tem grandes chances de recuperar o poder daqui a dois anos.

Na eleição de domingo os argentinos renovarão a metade da Câmara e um terço do Senado, presidido por Cristina. Atualmente, a governista Frente de Todos tem 120 deputados, de um total de 257, e seu objetivo original era manter as 52 cadeiras que estão em jogo ou até ampliar sua bancada.

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O cenário mais pessimista é o de que o governo perca entre cinco e nove deputados. Já a Juntos pela Mudança tem hoje 115 cadeiras e espera preservar as 60 que estarão em disputa, além de conseguir mais seis ou até oito novos deputados.

— O esperado é que a Juntos pela Mudança passe a ser a primeira minoria na Câmara. A grande questão é como o governo vai administrar a derrota, porque a Frente de Todos [aliança entre peronistas e kirchneristas] nasceu para ganhar eleições e não perder — explica Diego Reynoso, professor e pesquisador da Universidade San Andrés.

O analista não descarta que o governo perca o comando da Câmara, hoje em mãos do poderoso Sergio Massa, para muitos um dos cotados para disputar a Presidência em 2023.

O governo corre o risco de perder o controle do Senado, onde tem atualmente 41 cadeiras, de um total de 72, e precisa renovar 15. A oposição, por sua vez, tem hoje 25 senadores e poderia aumentar sua presença.

— Muitos se perguntam como serão os próximos dois anos, eu vejo um governo aos trancos e barrancos, mas não vejo uma radicalização nem um final antecipado — opina Juan Negri, da Universidade Di Tella.

Em Buenos Aires, já se fala na convocação de um grande acordo nacional por Fernández após a eleição. O presidente enfrenta um cenário profundamente delicado: crise econômica, financeira, social e política e a necessidade de selar um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). O problema, para o chefe de Estado, é que sua vice não está interessada em acordos e diálogo político. Cristina tem hoje duas grandes preocupações: sua situação judicial e a de seus filhos e o poder político do kirchnerismo nas eleições de 2023.

Na visão do analista Lucas Romero, diretor da Synopsis Consultores, “a sustentabilidade da coalizão de governo dependerá de Cristina, que fará seu próprio cálculo de interesses”.

— Será que Cristina vai querer um acordo com o FMI que implique ajuste e pagar uma dívida que, para ela, foi dada ao governo de Macri para financiar a campanha por sua reeleição? É uma das perguntas que me faço — aponta Romero.

Crise de legitimidade
Para ele, a Argentina vive uma crise de legitimidade e liderança presidencial.

— O que garantia a unidade da coalizão de governo eram vitórias eleitorais. O FMI exige consenso para fechar um entendimento, e hoje esse consenso não existe — afirma o diretor da Synopsis.

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Entre os argentinos, o medo é grande. Fala-se em hiperinflação, renúncia do presidente, governo de transição, calote da dívida com o FMI, nova disparada do dólar e corrida bancária. Quem acompanha de perto a política nacional tem a certeza de que, em palavras de Andrés Malamud, argentino que trabalha como pesquisador do Instituto de Ciência Sociais da Universidade de Lisboa, “o governo vai levar uma surra”.

Seus próprios candidatos falaram em “tapa na cara” depois das primárias. O problema será como fará o governo para levantar-se de um nocaute, com um presidente que tem em sua vice sua maior crítica e opositora.



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