Especialistas do Instituto Oswaldo Cruz (IOCFiocruz) reuniram uma série de orientações quanto aos cuidados em relação a Leptospirose, Covid-19, Influenza e Arboviroses transmitidas pelo mosquito eedes aegypti como dengue, chikungunya e zika.
De acordo com a Fundação, o verão propicia a possibilidade de inundações e transmissão da leptospirose e a combinação dessas precipitações com o calor aumenta a necessidade de se atentar ao mosquito eedes aegypti.
“Neste ano, a temporada ainda demanda um cuidado extra pelo recrudescimento da pandemia de Covid-19, com o surgimento da variante ômicron, e a circulação fora de época dos vírus influenza, impulsionada pela nova cepa H3N2 Darwin”, explica a Fiocruz.
Leptospirose
Com os alagamentos, a enxurrada se mistura com dejetos de bueiros e esgotos, facilitando a transmissão da bactéria Leptospira, presente em urinas de ratos, que penetra no corpo humano por meio da pele, sobretudo, se houver algum ferimento.
“Em inundações, o aconselhável é evitar entrar em contato com a água da enchente, permanecendo em local seco e seguro enquanto espera a água baixar. Porém, como nem sempre isso é possível, é importante proteger a pele com luvas e calçados fechados, preferencialmente botas, ou, como alternativa, sacos plásticos cobrindo partes dos pés e das pernas”, recomenda Ilana Balassiano, pesquisadora do Laboratório de Zoonoses Bacterianas, que abriga o Serviço de Referência Nacional para Leptospirose junto ao Ministério da Saúde.
A pesquisadora indica que, após a remoção da água, as superfícies sejam higienizadas com um pano umedecido em solução de hipoclorito de sódio (2 xícaras de chá de hipoclorito de sódio para cada 20 litros de água). “Pode ser utilizada água sanitária comercial, que geralmente tem a concentração de 2-2,5% de hipoclorito. No entanto, deve-se certificar se, no rótulo, os componentes sejam apenas água e hipoclorito. Se houver substância adicionais, o uso não é recomendado”, destaca Ilana.
Covid-19 e influenza
Com a pandemia da Covid-19 e a circulação fora de época dos vírus influenza, a temporada atual do verão também traz um alerta para disseminação dos vírus respiratórios.
“A vacinação é a principal forma de prevenção que temos atualmente para ambas as infecções (...) o uso de máscaras, distanciamento social, etiqueta respiratória e a higiene constante das mãos”, destaca Fernando Motta, pesquisador do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo.
Com sintomas leves ou graves, o distanciamento social é essencial para evitar a disseminação das duas infecções. “Se você estiver com sintomas, ou for assintomático, no caso da Covid-19, evite ter contato com outras pessoas e use a máscara sempre que possível”, ressalta Motta.
Arboviroses transmitidas pelo Aedes aegypti
A prevenção de dengue, chikungunya e Zika ocorre a partir da eliminação de locais que podem acumular água parada, como vasos de plantas, bandejas de ar-condicionado, piscinas não utilizadas, dentre outros.
“Com a chegada do verão, época propícia para a formação de criadouros do Aedes, precisamos redobrar nossa atenção. Cada fêmea pode colocar até 1.500 ovos, por isso é importante olhar a casa com ‘olhos de mosquito’, procurando todo e qualquer local que acumule água e possa ser usado para reprodução do vetor”, alerta Denise Valle, pesquisadora do Laboratório de Biologia Molecular de Flavivírus.
De acordo com o primeiro Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde de 2022, houve um acréscimo de 32,7% nos casos prováveis de chikungunya em 2021 quando comparados com o mesmo período em 2020.
“Quanto maior a quantidade de mosquitos, maiores são as chances de transmissão desses vírus. Todos os anos reforçamos a mensagem de que a fêmea do Aedes espalha seus ovos por diversos locais. Não podemos nos tranquilizar e encerrar a verificação se no primeiro ambiente já forem encontrados ovos ou larvas”, salienta Denise.
A principal recomendação é eliminar qualquer recipiente que possa acumular água. No entanto, se não for possível o descarte, a orientação é que sejam devidamente vedados ou, ainda, tratados.
“O Aedes é um mosquito doméstico. De cada dez criadouros, oito estão dentro das residências. Então, se as pessoas estão passando mais tempo em suas casas por causa da pandemia da Covid-19, elas possuem mais oportunidades de olhar com cuidado os seus espaços e evitar que mais vírus estejam em grande circulação. Precisamos transformar a ameaça em oportunidade”, conclui a bióloga