WASHINGTON — Os Estados Unidos começarão a compartilhar até 60 milhões de doses da vacina da AstraZeneca com outros países assim que estiverem disponíveis, anunciou a Casa Branca nesta segunda-feira. O governo americano, no entanto, ainda não deu detalhes sobre a data e nem que países receberiam a vacina.
O presidente Joe Biden vinha sendo cobrado a encaminhar milhões de doses produzidas nos EUA para outros países, já que a vacina da AstraZeneca ainda não foi certificada pela FDA, agência responsável por autorizar medicamentos no país, e não há nem previsão de que isso ocorra em breve.
Mais de 193 milhões de pessoas já receberam pelo menos uma dose de alguma vacina nos Estados Unidos, o equivalente a 41,85% da população, e quase 95 milhões já estão completamente vacinadas — mais de 28% da população. Os imunizantes autorizados nos EUA são os da BioNTech/Pfizer, Moderna e Johnson & Johnson.
— O governo está avaliando as opções para compartilhar as doses de vacina da AstraZeneca produzidas nos EUA — disse a porta-voz da Casa Branca, Jen Paski, na tarde desta segunda. — Dado o forte portfólio de vacinas que os Estados Unidos já autorizaram e que já estão disponíveis em grandes quantidades, incluindo duas vacinas de duas doses e uma de uma dose, e dado que a AstraZeneca não está autorizada para uso nos Estados Unidos, não precisamos usar a AstraZeneca em nossa luta contra a Covid durante os próximos meses— completou.
Por outro lado, a AstraZeneca já foi liberada por cerca de 70 países, incluindo o Brasil, onde é a principal aposta do governo de Jair Bolsonaro, além do Reino Unido e da União Europeia (UE), onde há problemas no fornecimento das doses.
Contexto: UE não consegue cumprir todas as metas de vacinação que havia estabelecido para o primeiro trimestre
Segundo a porta-voz, 10 milhões poderão ser liberadas para exportação "nas próximas semanas" e outras 50 milhões, que ainda estão sendo produzidas, podem ser enviadas em maio e junho.
— No momento, não temos nenhuma dose disponível da AstraZeneca — afirmou, ressaltando que o governo Biden ainda está decidindo como será o processo para determinar quais países receberão as vacinas. — Vamos considerar uma série de opções de nossos países parceiros e, é claro, muito disso será por meio de relacionamentos diretos.
As primeiras doses da AstraZeneca nos EUA foram produzidas em uma fábrica da empresa Emergent BioSolutions em Baltimore (Maryland), que passou por um escrutínio regulatório depois um erro humano ter causado uma mistura de ingredientes durante a produção da vacina da Johnson & Johnson.
O governo Biden, que, em março, anunciou que enviaria cerca de 4 milhões de doses da vacina da AstraZeneca para Canadá e México, estava sob pressão crescente para expandir o compartilhamento de seu estoque com a Índia e outros países. Usando legislação da Guerra da Coreia, o governo americano bloqueou as exportações tanto de vacinas quanto de matérias primas para sua fabricação, com o argumento de que era necessário primeiro garantir a imunização dos americanos.
No domingo, no entanto, o país já havia anunciado o envio de equipamentos e matérias-primas de vacinas para a Índia, que enfrenta uma crise sem precedentes e se tornou o novo epicentro da pandemia, batendo recordes diários de infecções.
Mais cedo, a diretora-geral da Organização Mundial de Comércio (OMC), Ngozi Okonjo-Iweala, pediu aos países mais ricos que exportem mais vacinas para ajudar governos que estão tendo dificuldades para conseguir doses dos imunizantes. Okonjo-Iweala elogiou União Europeia (UE), China e Índia por exportarem um percentual substancial das doses produzidas em seus territórios e disse que esperava que os Estados Unidos e o Reino Unido fizessem o mesmo.